As três mentiras que destroem a autoestima feminina (e como se libertar delas)

Existem armadilhas que não vêm com placas de aviso. São crenças disfarçadas de valores. São ideias herdadas — da cultura, da família, dos relacionamentos — que corroem silenciosamente a autoestima da mulher sem que ela perceba. E o pior: muitas dessas ideias vêm embaladas em palavras bonitas, aparentemente inofensivas.

Hoje, vamos falar de três mentiras que são ensinadas às mulheres desde cedo e que, se não forem desfeitas, acabam por fragilizar sua confiança, sua voz e seu valor pessoal.

Mentira 1: “Boa mulher é a que aguenta calada.”

Essa é uma das mais letais. Ela vem travestida de virtude. Dizem que mulher que ama aguenta. Que mulher forte é a que suporta tudo sem reclamar. Que maturidade é silenciar diante do desrespeito. E assim, muitas mulheres passam a vida engolindo palavras, dor, frustração e até violência emocional.

Essa mentira destrói a autoestima porque ensina que os próprios sentimentos são exagero. Que a raiva é feia. Que o incômodo é frescura. Que os limites são egoísmo. E então, a mulher aprende a pedir desculpas por existir. A minimizar o que sente. A deixar de lado o que deseja.

Libertar-se dessa mentira é começar a dizer: “o que eu sinto importa”. É validar a própria experiência. É entender que comunicação não é conflito. É maturidade. Que posicionar-se não é brigar. É existir com dignidade.

Mentira 2: “Amor exige sacrifício.”

Essa ideia está enraizada em quase todas as narrativas românticas. A mulher é ensinada a se sacrificar por amor. A ceder, a esperar, a abrir mão. “Quem ama, perdoa.” “Quem ama, suporta.” “Se ele está tentando, fique.” E assim, ela vai se perdendo.

Vai ficando onde não é valorizada. Vai aceitando migalhas emocionais. Vai justificando desrespeitos. E quando se dá conta, não sabe mais onde terminou o amor e começou o medo da solidão.

Amar não é anular-se. Amor que exige que se abandone a si mesma não é amor. É dependência. É carência disfarçada. O verdadeiro amor se sustenta em respeito mútuo. Em trocas equilibradas. Em crescimento conjunto — e não em desequilíbrio constante.

Desfazer essa mentira é reaprender o que é amor. É entender que o primeiro amor precisa ser por si mesma. Que é possível amar alguém e, ainda assim, dizer “isso eu não aceito”. Que a paz de estar consigo vale mais do que a dor de manter alguém.

Mentira 3: “Você precisa ser perfeita para ser amada.”

Essa talvez seja a mentira mais disfarçada. Ela aparece em forma de cobrança: corpo perfeito, comportamento exemplar, sucesso profissional, boa mãe, boa esposa, boa filha. A mulher precisa ser tudo — e ainda sorrir com leveza.

Essa mentira destrói porque transforma a vida em uma eterna dívida. Nada é suficiente. Sempre falta algo. E essa sensação constante de inadequação corrói qualquer possibilidade de autoestima sólida.

A perfeição é inatingível. E tentar alcançá-la é viver em estado de exaustão. Mulheres passam anos tentando provar valor — para os pais, para os parceiros, para os filhos, para a sociedade. E se esquecem de provar para si mesmas que já são valiosas, simplesmente por existirem.

Desfazer essa mentira é ousar ser humana. É acolher as falhas sem se definir por elas. É valorizar o processo, e não a imagem. É entender que a mulher mais segura não é a mais perfeita — é a mais autêntica.

A libertação começa na consciência

Essas três mentiras são coletivas. Estão no inconsciente feminino há gerações. Mas a boa notícia é que elas podem ser desfeitas — uma por uma. E tudo começa quando se começa a perceber os lugares onde elas se manifestam.

A mulher que acredita que precisa calar, começa a falar. A que se anulava em nome do amor, começa a se escolher. A que vivia tentando ser perfeita, começa a se permitir viver.

Autoestima se reconstrói quando se desmonta o que nunca foi verdade. Quando se para de lutar para caber em moldes que foram feitos para controlar — e não para libertar.

E é essa libertação que abre espaço para um novo tipo de mulher: aquela que não negocia mais sua paz. Que não se explica tanto. Que sabe o que vale. Que sabe o que quer. E, principalmente, que sabe o que nunca mais vai aceitar.

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